terça-feira, setembro 28, 2004

Desabafo

Falar com o coração nas mãos devia ser mais fácil. Saber deixar escapar um "bom dia" sem que os olhos cristalizassem em torno das lágrimas, entregar-se ao recolhimento sempre pronto das palavras de um abraço de um beijo de uma memória de uma vida de uma saudade, às vezes de um livro de um poema, de um amigo. Procurar forças que nos tornem frígidos e secos, ao mesmo tempo que responsáveis e quentes para quem está na cama do hospital à nossa frente, para quem nos espera em casa à espera da orientação que lhes falta. Mas o silêncio e a mágoa alastram em espiral, e os dias passam e passam e vão passando, e nós vivemos um de cada vez, só um de cada vez, devagarinho, como que negando a fatalidade negra que previmos e lutamos para que não aconteça. E só nós é que o sabemos porque, definitivamente, falar com o coração nas mãos devia ser mais fácil.

Fim de tarde

Ontem, com tantos cafés naquela rua, fui logo parar ao único onde se tinha que subir dois andares para ir à casa-de-banho, que era minúscula (enquanto estava no urinol o meu corpo tocava, ao mesmo tempo, em duas paredes, num lavatório e em parte do rebordo da sanita), tinha um cheiro horrível que se entranhou nas roupas e nas narinas, e com uma porta que tinha escrito em letras vermelho-sangue "Os espíritos matavam 200 pessoas por noite". Há dias assim.

segunda-feira, setembro 27, 2004

Por enquanto não, mas...

Oh senhor presidente, este também está à experiência?

Nãaaaaaaaaaaaaao!!!

Santana Lopes é Primeiro Ministro; Sócrates é secretário geral do PS; ou seja, alguém que encerre o Alberto João Jardim numa adega antes que ele se candidate à presidência da República.

sábado, setembro 25, 2004

They're back


sexta-feira, setembro 24, 2004

O Estado da Nação

Ora, o governo continua a arranjar tachos para os seus ex-ministros, o governo continua a fazer asneiras atrás de asneiras nas colocações dos professores (mas se formos a ver a culpa é do computador que se enganou), o governo continua a fazer trafulhice nas finanças (mas lá está, a culpa é outra vez do computador), o governo continua a dar cabo do serviço nacional de saúde e Paulo Portas está cada vez mais parecido com Salazar (até no nariz).

Depois disto tudo ainda esperava qualquer coisa deste país, mas desde que vi uma mãe pedir para a filha ser praxada perdi toda e qualquer esperança.

quinta-feira, setembro 23, 2004

Estado de espirito de hoje:

Pura tristeza!

Porquê???!! Não sei!

domingo, setembro 19, 2004

Mais um fim de semana na "A Tasca"...



Death in Galapagos

Em 1930, um casal de exploradores alemães, Margaret e Heinz Wittmer, e o seu filho Henry, mudaram-se para a ilha deserta de Floreana, nas Galápagos, para estudar a fauna local. Viveram numa gruta até conseguirem construir uma casa de pedra e, embora Henry viesse a morrer de pneumonia, ainda tiveram mais dois filhos na ilha. Em 1932 chegam à ilha os primeiros vizinhos: a baronesa austríaca Eloise von Wagner Bosquet, acompanhada de um médico e dois gigolos. Eloise queria construir na ilha um hotel para milionários, ideia que horrorizou os Wittmer. A partir daí, sucederam-se uma série de estranhas mortes: primeiro foi o médico, que morreu depois de comer carne envenenada; depois a baronesa e um dos seus amantes que desapareceram misteriosamente; e finalmente, o último homem afogou-se enquanto tentava fugir da ilha num bote. A investigação policial nada descortinou. Frau Wittmer afirmou nada ter a ver com as mortes.

Curtas metragens de uma longa real

First you captured happiness, then you met desire, finally you found love, just to start believing in God and that you love him.

What goes around, comes around

Recebi um mail muito interessante:

"Complete:

No dia ___ (a) de setembro de ____ (b) uma explosão destruiu _______(c).

A responsabilidade de tal ato não foi fixada com precisão até hoje, mas os ________ (d) acusaram imediatamente a ______ (e).

A civilização ocidental está pronta para ser submetida a outra grande prova da sua capacidade de sobreviver ao desastre. Mais uma vez, o mundo marcha para a guerra. Os líderes mundiais não atentaram nas lições da terrível provação da última guerra e sucumbiram às tentações do poder e da cobiça.

Uma das principais causas da guerra foi a adoção de uma política isolacionista pelos Estados Unidos, que não aceitaram as resoluções da ____ (f). Muitos acreditam que a posição americana é obra exclusiva dos reacionários ferrenhos e dos nacionalistas impenitentes. Espalha-se pelo mundo a convicção de que Tio Sam fora se meter no que não era da sua conta. A política da Inglaterra com respeito à manutenção da paz é quase que o oposto da política francesa.

Separados do resto da Europa pelo Canal da Mancha, os ingleses não se sentem levados a preocupar-se tanto com a segurança nacional. A política partidária americana também desempenhou papel considerável no caminho para a guerra. As eleições de outubro de _____ (g) foram vencidas pelos republicanos. Embora uma análise posterior demonstrasse que a maioria do eleitorado havia votado nos democratas, os votos estavam distribuídos de tal maneira que os republicanos ganharam o controle tanto do Senado como da Câmara. Foram feitas diversas tentativas para salvar a paz. Importantes intelectuais, através de artigos no New York Times, desafiavam o governo norte-americano a aceitar a proposta francesa. Todas as tentativas de desarmamento fracassaram.

Começou a correr o mundo a idéia de uma guerra preventiva. ___________ (h) anunciou que as operações militares haviam começado. Como justificativa, alegava que _________ (i) já havia mobilizado e cometido actos hostis contra __________ (j) e que a "bárbara perseguição" contra homens, mulheres e crianças _______ (l) já não podia ser tolerada por uma grande nação."

Se você respondeu:

(a) 11
(b) 2001
(c) o World Trade Center
(d) americanos
(e) Al Qaeda
(f) ONU
(g) 2000
(h) Bush
(i) o Iraque
(j) os Estados Unidos
(l) iraquianas

... errou tudo.
As respostas certas são:

(a) 18
(b) 1931
(c) a Estrada de Ferro da Manchúria
(d) japoneses
(e) China
(f) Liga das Nações
(h) Hitler
(i) a Polónia
(j) a Alemanha
(l) alemãs

Todas as frases do texto são do livro "História da Civilização Ocidental", de Edward McNall Burns (Editora Globo, 1975), no capítulo que trata das causas da Segunda Guerra Mundial, que matou 50 milhões pessoas."


sábado, setembro 18, 2004

O Alberto João Jardim é uma besta

Todos os anos e várias vezes ao longo dos mesmos, a besta do Alberto João Jardim revela-se: é uma besta. Só uma besta daquele calibre poderia governar a ditadura democrática da Madeira, fazer figura triste atrás de figura triste, ser arrogante, imbecil, pouco inteligente (aliás, burro), demagogo, insurgir-se contra tudo o que se opõe à sua forma demente de ver o mundo e de estar nele, ameaçar que expropria um jornal só porque não lhe coça as costas (nem se deixa coçar por ele), berrar um discurso separatista onde acaba rosnando que aquele não era um discurso separatista, apelar à independência mas depois refilar por falta de ajuda económica para que ele possa vestir as mais parolas lantejoulas no carnaval e possa continuar a beber a pinga mais rasca... tudo isto, sem que se lhe faça frente, sem que se destitua aquela besta, sem que se lhe dêem uns bons tabefes, que provavelmente foi o que lhe faltou em infância para que não tivesse degenerado na besta e mais besta que é.

É o futebol

O árbitro sueco Anders Frisk foi atingido por um isqueiro na cabeça, durante um jogo da Liga dos Campeões. É uma tristeza que tal aconteça, e será uma vergonha (ainda maior) se os adeptos do Roma, reincidentes, não forem exemplarmente punidos.

(Esta é uma triste notícia para a Charlotte, pressuponho. De qualquer maneira, parabéns a você!)

Empate

Dizia o comentador da TVI: "É incrível, é incrível uma falta destas não ser assinalada!". Se bem que o Estoril a certa altura cedeu ao nervosismo e deu azo a que ficassem muitos jogadores "amarelados" (ai trocadilho), foi a partir de determinado momento que os fora-de-jogo inexistentes começaram a ser assinalados contra o Estoril, que os amarelos começaram a sair sem hesitação, e que faltas flagrantes em cima do árbitro ficaram por marcar (Seitaridis bem agradeceu a Zeus...), que os cinco minutos de compensação ("exagerados" dizia o comentador) surgiram... enfim. Nem assim.

Insurreição

Foi hoje, às 17 horas, no Parque Eduardo VII. Mas nunca é demais lembrar.

(Cortesia do Nuno)




















.

"Morel sentado na cama. Deita lentamente, com os braços cruzados sobre os olhos.
Vilela pega um livro, sobre a mesa: Visão e Invenção.
-Adianta escrever, se ninguém vai ler?
-Adianta, sempre."


Post retirado na clandestinidade... (precisei de ler isto, Clan)

Privatizações

Mais isto e só vai faltar a Caixa Geral de Depósitos... o Rossio e a Rua Augusta.

Escolas

Recomendo vivamente este texto do masson. O paralelismo entre os métodos de reorganização do Sistema Educativo e o sistema industrial pós-moderno é algo que já aconteceu na história da Educação e que, como se aprende (por exemplo) numa cadeira de Ciências da Educação logo no primeiro ano do curso, não é o caminho correcto a seguir se temos em vista um evoluir positivo da Educação e das capacidades técnicas, criativas, práticas e teóricas do indivíduo, assim como do bem estar social do mesmo (factores que influenciam e são determinantes na qualidade de vida e no progresso e desenvolvimento do país).

O texto do masson dá uma ideia geral dos porquês de tal paralelismo ser nocivo e erróneo, assunto ao qual talvez voltarei mais tarde, com dados mais concretos. Mas para quem tem conhecimento do mesmo ou estuda a Educação, tal paralelismo, ainda por cima vindo do ex-Ministro da Educação, é de uma imbecilidade e de uma irresponsabilidade tão extrema que não pode causar outra coisa que não repulsa. Para quando um Ministro da Educação que seja digno de o ser?

E atenção, que a Professora Doutora Maria do Carmo Félix da Costa Seabra é doutorada em Economia...

E mais, leiam atentamente o último parágrafo do texto: "Manifestamente David Justino entende que tais conceitos são meros estereótipos comuns, sem qualquer fundamentação ou linha conceptual credível. É é pena que assim seja." Esses meros estereótipos comuns são, sem tirar nem pôr, alguns dos factores que determinam, caracterizam e diferenciam a boa escola da má escola. Não é pena que o ex-Ministro da Educação entenda assim tais conceitos: é um nojo. Um nojo.

(censurado)

(censurado)

quinta-feira, setembro 16, 2004

Entrevista

Um psicólogo faz uma entrevista para admissão de um empregado. Entra o primeiro candidato:

-O senhor pode contar até dez, por favor? -pediu o psicólogo.

-Dez, nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois, um.
-O que é isso?
-Ah, é a força do hábito. É que eu trabalhava na NASA.

Entra o segundo candidato:
-O senhor pode contar até dez? -pediu o psicólogo.
-Um, três, cinco, sete, nove, dez, oito, seis, quatro, dois.
-O que é isso?
-Ah, desculpe. É que eu era carteiro e estava acostumado a ver os números pares de um lado da rua e os ímpares do outro.

Entra o terceiro candidato. O psicólogo pergunta:
-Qual era a sua profissão antes de tentar este emprego?
-Estudante universitário.
-E o senhor pode contar até dez?
-Claro. Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, valete, dama, rei.


(A Gerência da "A Tasca" pede desculpa pela escassez de serviço, mas é a altura do ano em que, tal como fizeram a nós, ajudamos a integrar alguns dos nossos colegas que chegam pela primeira vez à grande instituição que é a Universidade de Coimbra. As litradas seguem dentro de momentos)

segunda-feira, setembro 13, 2004

Os preceitos da lei de Deus

Recentemente, uma célebre animadora de rádio dos EUA afirmou que a homossexualidade era uma perversão.

"É o que diz a Bíblia no livro do Levítico, capítulo 18, versículo 22: "Tu não te deitarás com um homem como te deitarias com uma mulher: seria uma abominação". A Bíblia refere assim a questão. Ponto final», afirmou ela.

Alguns dias mais tarde, um ouvinte dirigiu-lhe uma carta aberta que dizia:

«Obrigado por colocar tanto fervor na educação das pessoas pela Lei de Deus. Aprendo muito ouvindo o seu programa e procuro que as pessoas à minha volta a escutem também. No entanto, eu preciso de alguns conselhos quanto a outras leis bíblicas.

Por exemplo, eu gostaria de vender a minha filha como serva, tal como nos é indicado no Livro do Êxodo, capítulo 21, versículo 7. Na sua opinião, qual seria o melhor preço?

O Levítico também, no capítulo 25, versículo 44, ensina que posso possuir escravos, homens ou mulheres, na condição que eles sejam comprados em nações vizinhas. Um amigo meu afirma que isto é aplicável aos mexicanos, mas não aos canadianos. Poderia a senhora esclarecer-me sobre este ponto? Por que é que eu não posso possuir escravos canadianos?

Tenho um vizinho que trabalha ao sábado. O Livro do Êxodo, capítulo 25, versículo 2, diz claramente que ele deve ser condenado à morte. Sou obrigado a matá-lo eu mesmo? Poderia a senhora sossegar-me de alguma forma neste tipo de situação constrangedora?

Outra coisa: o Levítico, capítulo 21, versículo 18, diz que não podemos aproximar-nos do altar de Deus se tivermos problemas de visão. Eu preciso de óculos para ler. A minha acuidade visual teria de ser de 100%? Seria possível rever esta exigência no sentido de baixarem o limite?

Um último conselho. O meu tio não respeita o que diz o Levítico, capítulo 19, versículo 19, plantando dois tipos de culturas diferentes no mesmo campo, da mesma forma que a sua esposa usa roupas feitas de diferentes tecidos: algodão e polyester. Além disso, ele passa os seus dias a maldizer e a blasfemar. Será necessário ir até ao fim do processo embaraçoso que é reunir todos os habitantes da aldeia para lapidar o meu tio e a minha tia, como prescrito no Levítico, capítulo 24, versículos 10 a 16? Não se poderia antes queimá-los vivos após uma simples reunião familiar privada, como se faz com aqueles que dormem com parentes próximos, tal como aparece indicado no livro sagrado, capítulo 20, versículo 14?

Confio plenamente na sua ajuda."

Mata-me por dentro

Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Mata-me por dentro. Custa-me respirar. Mata-me.

Mata-me por dentro

Há sítios que são inevitáveis. Mesmo que fuja deles, é na escuridão de um fechar de olhos que se revelam. Aí, volto à posição fetal, deixo escorrer lágrimas - cada uma com imagens diferentes da mesma memória. Há muito tempo que não "pensava". É verdade. Afinal de contas, os pobres de espírito são felizes, n'est-ce pas? E eu nem reparava, mas andava a mendigar por aí, rôto e sujo. Se vocês imaginassem como me sinto... nem sei o porquê de um desabafo assim, acreditem que íntimo, muito meu, partilhado com a minha clientela (vocês sempre me fizeram sentir bem e aconchegado). Mas há sítios que são inevitáveis; ainda mais quando não há lugar para fugir. Não sei como é, nem sei como vai ser. Tenho medo de fechar os olhos e preciso que me ensinem a dormir. Está tão frio aqui... tenho a boca a saber a tabasco, e os olhos enevoados. Está frio, está muito frio... engoli uma mão cheia de banha de porco, vomitei por cima dos sapatos. Não quis ligar a televisão. Mas liguei, e lá estava ela, a Glory Box, em toda a sua... glória. Há sitios que são inevitáveis. Mesmo quando temos os olhos abertos.

domingo, setembro 12, 2004

Paixão

Eu também sou contra. Hoje explodiu-me um terrorista nas mãos. Ainda não sei, mas acho que morri.

A não perder

Hoje, à meia noite e meia, Portishead com a Orquestra Filarmónica de Nova Iorque, na dois.

:|

Num dos dias mais felizes da minha vida, estou triste, só e desencontrado. Não sei quem sou nem como me deixei estagnar, mas tenho medo da mudança. Sem retorno...

sábado, setembro 11, 2004

Gacy III





...Who's afraid of the big bad clown?...

Gacy II

Nunca gostei de palhaços. Aliás, para ser conciso, nunca percebi a piada dos circos e nunca percebi a piada dos palhaços, nem tão pouco o porquê de ser um facto adquirido que um homem gordo, feio, com alguma deficiência na fala, com maquilhagem e com atitudes anormais e espalhafatosas tem piada. Mas atenção, não uma piada qualquer, uma piada da estirpe das "piadas sagradas e/ou de referência" daquelas capazes de pseudo-situar alguém em determinado grupo, ou seja: crianças que não se rirem quando um "artista circense" faz figuras estúpidas estão de alguma forma atrasadas em relação ao processo natural de crescimento e desenvolvimento, e adultos que acharem os palhaços degradantes, ou perderam a inner-child e/ou são amargos e/ou racistas em relação à tão honrosa arte e insituição que é o circo.

John Wayne Gacy, Jr., era um cidadão exemplar, membro activo da comunidade, figura emergente na sociedade e, eventualmente, vestia-se de palhaço para as crianças do hospital local. John Wayne Gacy, Jr., é também o protagonista de um dos mais horrendos e pitorescos casos de assassínio em massa de sempre. Ao contrário do que o filme, "Gacy", faz passar, este não assassinou nem violou nenhuma das vítimas no fato de palhaço. Mas...

...quem tem medo de palhaços?...

Gacy



Pergunta de algibeira



Porque é que as caveiras estão sempre a sorrir?

Memorando

(para o nosso governo)

Fazer oposição não é (nem pode, nem deve ser) dizer mal de tudo.

Estava escrito nas estrelas...

"Adoro o que faço em Lisboa. Se for chamado a outros combates mais importantes para o país, vou. E se não for a nada, acho que também faz muito sentido"

Pedro Santana Lopes aka Pedrito de Portugal
Março de 2004


quarta-feira, setembro 08, 2004

Queria aqui agradecer publicamente...

...aos pais e mães do Cristiano Ronaldo, do Hélder Postiga e do Miguel por terem um dia feito estas três pérolas. Um sincero obrigado.

Vozes de burro não chegam ao céu (a menos que o céu esteja sobre Portugal)

Vou contar-vos um segredo: existe um curso superior que, embora de grande importância em países menos desenvolvidos do que o nosso (como por exemplo os Estados Unidos ou a França), é praticamente desconhecido em Portugal, mas que muito jeito nos dava agora: chama-se Ciências da Educação. É um curso que descobri por acaso, e que dou graças a Deus por frequentar/ter frequentado. Os alunos e os licenciados em Ciências da Educação (futuros educólogos ou pedagogos, isto se as burocracias o permitirem...) estudam a Educação, as suas raízes, os métodos, os mestres, as teorias, o que funcionou, o que não funcionou, o que pode vir a funcionar, como pôr a funcionar, o que se passa lá fora, o que se passa cá dentro e como raio se pode pôr o que não funciona cá dentro a funcionar. Têm capacidades extremamente abrangentes, e abilidade para programar e definir conteúdos, para formar educadores, para serem educadores, para estruturarem de raíz um sistema podre como o nosso ou, pelo menos, remendá-lo "em condições", de modo a que o buraco não aumente.

Agora pergunto eu: quantas pessoas conhecem este curso? E quantos licenciados estão a trabalhar no Ministério da Educação? Quantos são ouvidos no que respeita aos manuais escolares (seja na estrutura ou na constância dos mesmos ao longo dos anos), aos programas, à formação de professores, à adaptação à nossa realidade, aos nossos alunos?

Podia escrever aqui imensos casos, mas dou o exemplo da Finlândia: eles têm um sistema de saúde público muito bom e praticamente grátis para todos, independentemente do estrato sócio-económico de onde provêm, um sistema educativo extremamente avançado e competente, de onde saem (seja ou não no final da escolaridade obrigatória) profissionais impecáveis e com conhecimentos muito acima da média, o que se reflecte (e refracte, visto ser um processo circular) no facto de serem um país tecnologicamente desenvolvidíssimo, educado, ordenado e onde um em cada dois habitantes tem um cartão de biblioteca; só Helsínquia tem cerca de 80 museus e dezenas de bibliotecas e, garanto-vos, não são (só) para os turistas. E porquê? Porque têm a noção de que o senso comum não é, nem de perto nem de longe, o mesmo que bom senso. E lá, quem estuda a Educação/Saúde/Economia e quem a estrutura e quem a discute e quem aparece na praça pública não é um qualquer: é quem efectivamente a estudou e estuda.

Talvez um dia, quando tomemos consciência disto, deixemos a mediocridade pútrida em que vivemos.

Besta e mais besta!

Mas o Ricardo é besta, ou quê?

Ser o que já foi

Enquanto regressava de Lisboa para a minha corriqueira terrinha, ouvi na TSF uma locutora que, de seguida, disse "aterrissagem" em vez de "aterragem", "empenhamento" em vez de "empenho" e que ainda falou em "bocadinhos de raios de sol" que se despenharam no deserto do Utah. Eu não sou desse tempo, mas tenho saudades de quando era preciso saber português para se falar na rádio e na televisão.

X_X

"Olho por olho, e o mundo acabará cego"

Gandhi

(sem título)

Será que é por acontecer assim com todos? Será que é por acontecer assim, sempre? Ou emocionei-me apenas com o veludo azul da tua escrita?

My, my, my, Delilah!!!

Toda a réstia de "pseudo-intelectualidade" que me atribuías, Nuno, foi-se, graças a este homem másculo aqui na imagem: TOM JONES. Graças à companhia dele no mesmo avião que apanhámos de Frankfurt, a única memória que tenho do museu de História Natural de Helsínquia é aquela finlandesa gostosa com uma camisola onde, bem em cima dos "atributos", estava escrito "YES! ALL this and brains too!!".

São vidas...

(I'm back ;) )

terça-feira, setembro 07, 2004

Hasta la vitoria, siempre... mas nunca mais chega

Um rapaz nas suas 13-14 primaveras está sentado na rua. Não veste mais nada além de umas bermudas e lê o jornal enquanto espera por turistas para lhes estender a mão, pedindo, timidamente, por esmola. O rapaz está envergonhado enquanto olham para ele e lhe estendem 1 dólar (5 dólares os mais generosos).

Um taxista chamado Raúl, já avô de 5 crianças, negoceia com 6 turistas (um dos quais uma alta individualidade da sociedade portuguesa e outro um basquetebolista idolatrado no seu clube e um pouco por todo o Mundo) uma visita à capital. Faz o negócio à revelia das tarifas aplicadas pois precisa de render um determinado valor (mensal) à empresa de táxis, caso contrário estaria no mesmo lugar do rapaz de 14 anos. O sr. Raúl tem dois irmãos, um é licenciado em engenharia civil (creio) e o outro é licenciado em economia. O sr. Raúl não tem curso superior, ganha mais que os dois irmãos juntos e ainda tem, por vezes, que sustentar sozinho a família. O irmão licenciado em economia trabalha agora no turismo, numa agência de viagens local e o filho mais novo do sr. Raúl estuda nos computadores, dizem que é um emprego com saída, apesar de não haver muitos e acessíveis.
O sr. Raúl fez 160 dólares nesse dia.

Uma empregada de hotel, camareira de especialidade, e Tamara de seu nome, entrava e saía dos quartos que arrumava sem ninguém dar por ela. No entanto, deixava sempre a sua marca, esculpia toalhas que nem o Cutileiro que ora tomavam a forma de cisnes enamorados ora de corações palpitantes.
No fim da estadia, pôde juntar ao seu salário (uns míseros 10 dólares mensais) uma enorme mala de roupa que o grupo de turistas lhe deu de regalo. Saiu embaraçada, de olhos no chão mas visivelmente contente e agradecida.

Es lo que es: Patria o Muerte

sexta-feira, setembro 03, 2004

Lisboa - Frankfurt - Helsínquia

As nossas vidas são feitas de momentos e de uma constante adaptação aos mesmos. Como não há um período bem definido de transição entre momentos (até pela infinita diversidade do tipo de momentos e da variável duração destes), existem dois pontos a considerar: primeiro, que há adaptações mais ou menos fáceis e mais ou menos difíceis; consequentemente, existem adaptações que têm de constituir, necessariamente, um processo de gradação nítido e rigoroso, sob perigo de se tornarem ou ineficazes ou perniciosos.

Parto para Helsínquia dentro de quatro horas e uns minutos. Já há algum tempo que vinha a trabalhar a minha transição do momento "Férias" para o momento "Rotina do dia-a-dia" e embora não tenha sido o início de transição mais produtivo, ia bem encaminhado. De qualquer maneira é complicado conseguir agora a contra-transição que consiste, precisamente, no retornar ao momento "Férias", que por sua vez ainda não está totalmente ultrapassado, sendo mais difícil de identificar e eliminar as nuances do momento "Rotina do dia-a-dia".

Para evitar estas quezílias interiores, prefiro deixar-me em Coimbra e deixar partir para Helsínquia o outro. Je est un autre, já dizia Rimbaud. Assim se faça, como manda o libertino. O jamiroo fica, resolve-se. Mas o jamiroo parte, sozinho e vazio, leva consigo o Nietzsche, a Ute Ehrhardt e o Javier Marías (que por si só já leva uma série de amigos...); o resto, como o amor, as saudades, a tristeza, a alegria, e o caderninho preto onde o amor escreve os seus epitáfios, ficam com o jamiroo. O de cá, não o de lá. Parte em nirvana, para que se construa, para que durante uma semana seja o concretizar do esboço de tantos anos. Parte em silêncio. Mas parte.

Recado

Nuno, vai ver o filme do Michael Moore; os cinemas aproveitaram o facto da PIDE estar virada po WoW e conseguiram estrear por cá o Fahrenheit 9/11. Por todos os motivos e mais alguns, é imperdível. Depois escrevo aqui por quê. Mas vai. Aliás, vão todos. Tu e o Moelas tomem conta disto, tenho de ir ali e já volto.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?