segunda-feira, janeiro 19, 2004

Nada de nada

Custa parar. Custa-me parar. Olho em volta, e salto de fora para dentro, procuro-me e não me encontro. (re)Vejo sonhos, rasgo-me em desejos, cheiro memórias, tropeço na saudade "do que nunca foi", e dou por mim a afogar-me em mágoas e desespero, em sonhos perdidos em desejos perdidos em memórias perdidas, em sonhos cegos em desejos cegos em memórias cegas, em sonhos que já não sabem a nada e não cheiram a nada em desejos que já não sabem e não cheiram em sonhos e desejos que são nada.

Nada Nada Nada

Paro é sinónimo de sossego. Mas é quando paro que me inconformo no meu desassosego. O mundo para e eu também, a poeira assenta, e, como dizia Beckett, é "quando toda a poeira assentar... quando toda a minha poeira assentar", que vejo tudo mais nítido e que a loucura é a consciência e a lucidez de quem vê mais que eu e além de mim, de quem abriu os olhos sem medo à muito tempo. De quem parou e assim ficou. Sem medo de lá parar, sem medo de lá ficar.

Era tudo muito mais fácil quando olhava para o lado e lá estavas tu...

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