segunda-feira, janeiro 26, 2004
Preocupante
Com a recente morte de Miklos Féher, imediatamente foram colocadas uma série de questões: se ele teria sido bem assistido em campo, se ele teria algum problema que não fora revelado ao público, como é que é possível acontecer uma coisa destas com os exames rigorosos que se fazem no âmbito do futebol profissional, e, fundamentalmente, o porquê de tudo isto. Parece sem explicação que tal coisa possa acontecer.
Mas não me interessa aqui discutir esses porquês, se essas perguntas são legítimas de fazer num momento em que se calhar se devia apenas respeitar a morte de Féher com silêncio e solidariedade, ou tentar descobrir ou racionalizar algo que teve de acontecer. Interessa-me sim focar outro aspecto.
O Nuno comentou no post anterior que "Não posso deixar de pensar que também me pode acontecer dentro de campo. E o pior é que nos nossos jogos não há nenhum médico, inem ou ambulâncias e isso enche-me de medo."; e isto é uma grande verdade. Se o Féher morreu de Morte Súbita, então a morte não se podia evitar; contudo estava lá o INEM, ele foi assistido, provavelmente se houvesse hipótese de "fintar" a morte, tinham conseguido. Mas agora olhemos para as modalidades amadoras; não há INEM, não há um médico, muitas vezes nem massagista ou enfermeiro ou alguém que possa diagnosticar imediatamente uma luxação ou uma tendinite ou uma fractura há.
Quando pratiquei karaté, nunca me pediram nem me fizeram nenhum exame médico. Todos fazíamos os mesmos esforços, independentemente da nossa força, agilidade e estado físico/de saúde. Nos torneios, nos estágios, nem um médico. Nada. Relembro agora um estágio onde estive, em que um karateca levou uma pancada na cabeça, e o que lhe valeu foi o meu pai que me tinha acompanhado até lá, que sendo médico o pôde ajudar. A ambulância chegou meia hora depois.
Este ano completo 6 ou 7 épocas seguidas a praticar andebol. Nestes anos todos, passei pelas camadas jovens, participei em vários torneios particulares, em campeonatos oficiais da federação, inclusivé cheguei a jogar pela selecção de Coimbra. Só este ano é que fiz exames médicos (pedidos/feitos pelo clube...). Isto é inadmissível. E o que também é inadmissível é não haver um médico nos jogos, nem nos treinos, não há nada! À umas semanas atrás, tive de parar abruptamente num treino; no meio desse jogo que estávamos a fazer, o meu coração começou a bater descontroladamente, deixei de me sentir bem e não conseguia estar de pé porque estava totalmente desorientado... a única pessoa que lá estava era o meu treinador que me disse "senta-te que isso passa". E eu fiquei deitado no chão à espera de me sentir melhor. Realmente e felizmente aquilo passou, mas e se fosse outra coisa mais grave...
...e alguém do clube pediu para fazer novos exames? Não! Cada um trata de si...
E se isto fosse um caso isolado... mas isto é uma constante nas modalidades amadoras e nas camadas jovens... não há condições. E se os treinadores e atletas se insurgem contra estas faltas, porque é que as coisas não andam para a frente? Não percebo. Sinceramente não dá para perceber. Mas também há outras coisas... um atleta volta de uma lesão e não faz um esforço gradual, treina como se não tivesse acontecido nada; ou por exemplo, este fim de semana fui jogar a Braga, ao pavilhão de uma equipa que joga na 1ª divisão de andebol, e o campo estava com poças de água! POÇAS DE ÁGUA! E tivemos de jogar! Saímos de campo completamente arruinados, de tantas quedas. Aliás, não consigo mexer o braço esquerdo graças a isso.
Felizmente, nunca presenciei em campo algo de tão grave como o que se passou ontem. No entanto, já passei épocas em que estive mais tempo na fisioterapia do que a jogar. Já fui operado. Já vi grandes amigos terem de ser operados também, e de agoniarem no chão dos pavilhões, com atletas e treinadores e árbitros a olharem perplexos, sem saberem o que fazer. Uma época, em que estávamos à porta da 1ª divisão de clubes, tivemos oito lesionados na equipa; a equipa titular mais um suplente. Duas operações, um atleta que ficou parado para o resto da carreira por causa do joelho, outro que tinha espetado uma farpa do chão de um pavilhão, um ombro para o estaleiro, etc...
E é por isso que cada vez que entro em campo, peço a Deus que nada de mal aconteça a nenhum de nós. Mas isto é como aquela anedota do homem que quer ganhar a lotaria. Todos os dias pedia a Deus que fizesse com que ele ganhasse a lotaria. Mas nunca ganhava. Até que Deus lhe disse, "ao menos compra o bilhete de lotaria!!". Omeletes não se fazem sem ovos...
Mas não me interessa aqui discutir esses porquês, se essas perguntas são legítimas de fazer num momento em que se calhar se devia apenas respeitar a morte de Féher com silêncio e solidariedade, ou tentar descobrir ou racionalizar algo que teve de acontecer. Interessa-me sim focar outro aspecto.
O Nuno comentou no post anterior que "Não posso deixar de pensar que também me pode acontecer dentro de campo. E o pior é que nos nossos jogos não há nenhum médico, inem ou ambulâncias e isso enche-me de medo."; e isto é uma grande verdade. Se o Féher morreu de Morte Súbita, então a morte não se podia evitar; contudo estava lá o INEM, ele foi assistido, provavelmente se houvesse hipótese de "fintar" a morte, tinham conseguido. Mas agora olhemos para as modalidades amadoras; não há INEM, não há um médico, muitas vezes nem massagista ou enfermeiro ou alguém que possa diagnosticar imediatamente uma luxação ou uma tendinite ou uma fractura há.
Quando pratiquei karaté, nunca me pediram nem me fizeram nenhum exame médico. Todos fazíamos os mesmos esforços, independentemente da nossa força, agilidade e estado físico/de saúde. Nos torneios, nos estágios, nem um médico. Nada. Relembro agora um estágio onde estive, em que um karateca levou uma pancada na cabeça, e o que lhe valeu foi o meu pai que me tinha acompanhado até lá, que sendo médico o pôde ajudar. A ambulância chegou meia hora depois.
Este ano completo 6 ou 7 épocas seguidas a praticar andebol. Nestes anos todos, passei pelas camadas jovens, participei em vários torneios particulares, em campeonatos oficiais da federação, inclusivé cheguei a jogar pela selecção de Coimbra. Só este ano é que fiz exames médicos (pedidos/feitos pelo clube...). Isto é inadmissível. E o que também é inadmissível é não haver um médico nos jogos, nem nos treinos, não há nada! À umas semanas atrás, tive de parar abruptamente num treino; no meio desse jogo que estávamos a fazer, o meu coração começou a bater descontroladamente, deixei de me sentir bem e não conseguia estar de pé porque estava totalmente desorientado... a única pessoa que lá estava era o meu treinador que me disse "senta-te que isso passa". E eu fiquei deitado no chão à espera de me sentir melhor. Realmente e felizmente aquilo passou, mas e se fosse outra coisa mais grave...
...e alguém do clube pediu para fazer novos exames? Não! Cada um trata de si...
E se isto fosse um caso isolado... mas isto é uma constante nas modalidades amadoras e nas camadas jovens... não há condições. E se os treinadores e atletas se insurgem contra estas faltas, porque é que as coisas não andam para a frente? Não percebo. Sinceramente não dá para perceber. Mas também há outras coisas... um atleta volta de uma lesão e não faz um esforço gradual, treina como se não tivesse acontecido nada; ou por exemplo, este fim de semana fui jogar a Braga, ao pavilhão de uma equipa que joga na 1ª divisão de andebol, e o campo estava com poças de água! POÇAS DE ÁGUA! E tivemos de jogar! Saímos de campo completamente arruinados, de tantas quedas. Aliás, não consigo mexer o braço esquerdo graças a isso.
Felizmente, nunca presenciei em campo algo de tão grave como o que se passou ontem. No entanto, já passei épocas em que estive mais tempo na fisioterapia do que a jogar. Já fui operado. Já vi grandes amigos terem de ser operados também, e de agoniarem no chão dos pavilhões, com atletas e treinadores e árbitros a olharem perplexos, sem saberem o que fazer. Uma época, em que estávamos à porta da 1ª divisão de clubes, tivemos oito lesionados na equipa; a equipa titular mais um suplente. Duas operações, um atleta que ficou parado para o resto da carreira por causa do joelho, outro que tinha espetado uma farpa do chão de um pavilhão, um ombro para o estaleiro, etc...
E é por isso que cada vez que entro em campo, peço a Deus que nada de mal aconteça a nenhum de nós. Mas isto é como aquela anedota do homem que quer ganhar a lotaria. Todos os dias pedia a Deus que fizesse com que ele ganhasse a lotaria. Mas nunca ganhava. Até que Deus lhe disse, "ao menos compra o bilhete de lotaria!!". Omeletes não se fazem sem ovos...