terça-feira, fevereiro 17, 2004

Elephant..

Personagens, que bem cedo deixam de o ser. "Elephant" começa com uma breve apresentação de algumas (até então) personagens, mas depois de conhecermos e, de certa forma, participarmos na vida e na rotina banal de John ou de Elias (que afinal, acaba por se reger por moldes de tantas outras vivências e rotinas e, quiçà, da nossa), as personagens deixam de o ser para se tornarem pessoas. Nossas conhecidas. Aí, "Elephant" ganha uma nova dimensão. Já não são os dois miúdos de 17 anos que mataram um grupo de colegas numa escola longe dos EUA, são o Alex e o Eric, ali à nossa frente, a matarem a sangue frio a Carrie e o Benny e a Jordan e a Michelle, naquela escola que é a nossa, naquela escola que poderia muito bem ser a nossa vida comum.

"An ordinary high school day. Except that it's not."

Gus Van Sant, tanto como argumentista como realizador, faz um excelente trabalho em "Elephant". A fotografia está excelente, e ele coordena como ninguém os diversos pontos de vista de cada pessoa durante aquele trágico dia. Os pontos de vista, o que se sente, o que interessa reter e o que é secundário. Quando Michelle desata a chorar no corredor, e nos comovemos com a situação dela enquanto agradecemos não estar nessa mesma situação, a imagem desfoca, ela mantém-se completamente nítida, mas naquele momento choramos todos. E olhemos para onde olhemos, a visão está distorcida, nós choramos ali.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?