terça-feira, fevereiro 17, 2004

Elephant....

O filme é extremamente complexo. De tão simples que é, ou aparenta ser.
Um grande e imenso acumular de "fait-divers".

Tenho fé na juventude de hoje, e faço parte dela. Não creio que sejemos todos muito bons nem todos muito maus. Somos, simplesmente. Não penso que a juventude em "Elephant" seja retratada de um modo negro e decepcionado, até porque é um filme onde não há lugar ao juízo de valor de Gus Van Sant. Juízos de valor e conclusões, como já havia escrito, cabem somente ao espectador. Mas o jovem ali não está com grandes preocupações, e não demonstra ter grandes projectos de vida (excepto, porventura e ironicamente, Alex e Eric), apenas porque é um dia como qualquer outro. Mais um. Que vem a seguir a outro e a outro, e ao qual se seguirão tantos outros. Naquela altura limitam-se a viver o segundo a segundo, a aula a seguir, as decisões são para quando tiverem de ser tomadas. "As personagens agem como virtuais suicidas, sem nada esperarem do minuto seguinte.". O que ainda nos mostra mais o dia, tão normal e tão inesperado.

O simbolismo abunda por aqueles corredores, por aquelas caras, por aquelas casas, por tudo. Dói tanto quando se vê e se ouve a planear a tarde que nunca mais chegará. Mesmo para quem sobreviveu. Aquela tarde, como seria vivida, estava perdida para sempre. Dói imenso tudo aquilo. O "penduricalho" no retrovisor do carro de Alex e Eric: o Diabo. Que se mexe e sorri sem parar quando eles entram no carro. O Mal, em toda a sua plenitude. Irracional, incompreensível, inevitável. O beijo ("Nem nunca beijei ninguém!").

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