sábado, fevereiro 14, 2004

XI

E o que é o Dia dos Namorados? É apenas mais um modismo comercial - injectado à pressão pelas cadeias de retalho e demais lojas franchisadas na relação mais ou menos apaixonada de cada casal - que se vem juntar ao Pai Natal e ao emergente Halloween.

Esquecidos ficam os presentes para o menino Jesus ou o dia de Todos os Santos. E este esquecimento, esta negação, não são mais do sinais dos tempos, sintomas da nossa americanização crescente, alimentada diariamente por Hollywood e pelas séries juvenis e infantis que ocupam quase todo o espectro mediático que nos rodeia e absorve, como se as tradições e a cultura dos Estados Unidos mais não fossem do que um eucaliptal frondoso que tudo seca à sua volta, por entre microwave pop-corn, Pizza Hut slices e Macdonald burgers.

O dia dos Namorados é uma farsa.

O dia dos Namorados mais não é do que uma invenção dos publicitários no sentido de se recriar um Natal dos apaixonados - apenas uma outra oportunidade mais para nos possam vender férias, jantares românticos, telemóveis, jóias, livros e discos.

Há que dizer basta. Há que parar e dizer que se o dia 14 é o dia convencional dos Namorados então isso faz com que todos os outros dias do ano sejam dias dos não-Namorados. E isso não é verdade.

O dia dos Namorados é quando os enamorados assim o entendem, não é quando alguém, animado unica e exclusivamente pelo lucro, assim o entende. É preciso saber resistir. E dizer bem alto e sem medos, que, com os altos e baixos próprios de cada relação, todos os dias são dias nossos, e só nossos. Nossos e de mais ninguém.



Alexandre Monteiro, No Arame




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