sábado, fevereiro 14, 2004

XVII

Já passou algum tempo desde aquele dia.

Parece que passaram anos dolorosos e solitários. Mas dói como se tivessesido ontem.
Não posso parar para pensar. Sei que devo apenas continuar. Com os sorrisos forçados, as mentiras inocentes, as lágrimas escondidas, os choros retraídos e as olheiras disfarçadas. As falsas garantias de que está tudo bem.
Não está nada bem e custa admitir. Disfarçar até ao ponto de me convencer a mim própria que já passou.
E para quê? Para descobrir que estou ainda pior do que pensava.
Não estou sozinha, mas estou perdida. Como uma sombra na multidão.
Vêm momentos extraordinários em que digo a mim mesma que só faltas tu para estar tudo perfeito. Um ligeiro sorriso, sincero mas passageiro.
Contigo o mundo podia até ser a preto e branco. A música podia perder a melodia, a harmonia e o ritmo.Podia deixar de ser música. O perfume podia deixar de ser perfume. O tempo podia parar e a vida acabar. Tu estavas sempre lá.

Só que já não estás. É tão simples quanto isso. Mas dói.



Inês, O Divã de Portugal


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