quinta-feira, março 11, 2004

Instantes

Há bocado, sentado numa mesa do primeiro andar do Académico (ou seria do Tropical?). Perdido em conversa com o Heisenberg, o Sokal e o Popper, deixei-os a falar sozinhos (mais a treta da "Hermenêutica transformista da gravitação mecânica", o maior barrete enfiado da história da ciência) e olhei para a mesa ao lado. Nela estava sentada uma mulher, agarrada ao galão, com um dos mais sorumbáticos olhares de que tenho memória. Cansada? Pensativa? Triste? Fosse o que fosse, de cada vez que os meus olhos passavam pelos dela, eles estavam mortos e taciturnos. Peguei então numa folhita com publicidade a um encontro de poesia, e no verso escrevi em letras grandes "SORRI !". Assinava, "o rapaz de camisola branca da mesa do lado". E ela sorriu.

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