segunda-feira, março 22, 2004
No meu tempo
No meu tempo, as pessoas quando combinavam algum encontro, iam a esse encontro. Só faltavam ou só se atrasavam numa última instância, daquelas que surgem de repente e não há meio de a evitar e/ou suavizar. No meu tempo, quando queríamos pedir um favor, quando queríamos dizer a alguém o quanto sentimos a falta dela, quando queríamos só perguntar "como estás?", quando queríamos olhar nos olhos, quando queríamos estar junto, nada era mais fácil e lógico do que ir ter efectivamente com a pessoa em questão. No meu tempo, escreviam-se cartas, de amor, de saudade, de ódio, de amizade.
Depois surgiu o telemóvel.
E o telemóvel, para além de todos os defeitos e virtudes que tem, fez algo a todos nós que já é irreversível. Desresponsabilizou-nos. De todo. Porque já não temos de fazer um esforço para ir ter com alguém a horas, nem ao sítio originalmente combinado. Manda-se uma sms e muda-se o local e a hora. Tão simples quanto isso. Onde é que está aquela vertente humana, conciliadora, de quem põe uma amizade, um encontro, uma responsabilidade, à frente de todas as outras vicissitudes da vida? Foram-se as cartas, foram-se as responsabilidades, foram-se os sentimentos.
Onde estás oh meu tempo?
Depois surgiu o telemóvel.
E o telemóvel, para além de todos os defeitos e virtudes que tem, fez algo a todos nós que já é irreversível. Desresponsabilizou-nos. De todo. Porque já não temos de fazer um esforço para ir ter com alguém a horas, nem ao sítio originalmente combinado. Manda-se uma sms e muda-se o local e a hora. Tão simples quanto isso. Onde é que está aquela vertente humana, conciliadora, de quem põe uma amizade, um encontro, uma responsabilidade, à frente de todas as outras vicissitudes da vida? Foram-se as cartas, foram-se as responsabilidades, foram-se os sentimentos.
Onde estás oh meu tempo?