segunda-feira, maio 10, 2004

Das cinzas de um moleskine

Quase que já tinha desistido disto tudo. Sentia-me (e sinto) atulhado em projectos que eram meus; mas de tanta disponibilidade temporal, espacial e, essencialmente, física e emocional que exigem, passei eu a ser deles, e não o contrário. Tornaram-se, assim, fastidiosos e penosos. Como é, de resto, tudo o que vigora em mim. Novidades? Talvez o ter estado preso. Por uma causa quase perdida, por um punhado de homens bons que lutam pelo não esquecimento. Mas é mesmo isso: a causa está quase perdida, e restam apenas um punhado de homens bons.
Mandei o blog às favas. Se há coisa que me irrita mais do que escrever mal ou de não gostar do que escrevo, é escrever mal e não gostar do que escrevo mas, mesmo assim, escrevê-lo. Despedi-me das memórias (aqui inicialmente a palavra seria pessoas em vez de memórias mas, para mim, há muito que as pessoas deixaram de o ser para surgirem apenas na minha vida em jeito de recordação), queimei os meus cadernos, parti as minhas guitarras e arranquei os calos dos dedos imerecidos da arte de tocar.

Depois apareceu o Jorge Palma, e no dia seguinte recomecei a tocar e a escrever. A sorrir. A viver, portanto. Curioso; como é que de uma figura (infelizmente) já quase decrépita, surge a minha absolvição?

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