quinta-feira, junho 10, 2004

Chega

Não acho que andemos todos num profundo estado de dormência política, parece-me antes que estamos fartos e não sabemos o que fazer porque nos foram cortadas as pernas. Como se estivéssemos à espera que a situação chegasse ao limite extremo para que não haja remorsos em apagar tudo e começar do zero. Quando era mais novo, anseava pelo dia em que pudesse votar, em que pudesse contribuir para a escolha de um líder mais justo, de líderes mais justos. Hoje mete-me nojo tomar consciência que é tudo fruto da mesma árvore, que não há nada a fazer, e que o idealizado poder do voto não passa mesmo disso, de um ideal tão utópico como qualquer ideal que se preze. E é sempre a mesma coisa no final: entre escombros de autocolantes, beijos e aventais, contam-se os cadáveres. E é quem os conta que conclui o quão efémera é a vida, e triviais e fúteis estas quezílias disfarçadas de política e de democracia.

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