segunda-feira, julho 19, 2004
Toda a verdade: as dietas
Eu acho uma piada às dietas, juro que acho. Uma dieta normalmente consiste em fazer uma lista de comidas tão detestáveis que em teoria farão o indivíduo emagrecer: ou porque sabem tão mal que só é humanamente possível comê-las em pequenas quantidades, ou porque sabem tão mal que é virtualmente impossível não as vomitar; no entanto têm um efeito muito fraco, visto que, às escondidas (dos outros e de si próprio), o indíviduo envereda pelo caminho do crime e passa a roubar e a comer doces, chocolates, fritos e outras "coisas boas" que tais, nas horas livres e não vigiadas do regime dietista.
Outra característica das dietas consiste no substituir das refeições por "suplementos", mistelas "pseudo-nutritivas" em caixas atractivas que apelam e fomentam a vontade (que passa a necessidade) psicológica de as comer; em última instância têm aspecto de mousse de chocolate, textura de mousse de chocolate, côr de mousse de chocolate, cheiro de mousse de chocolate, mas, por incrível que possa parecer, não sabem a mousse de chocolate. Para ser concreto, sabem a merda (parece que estou a imaginar os produtores de "suplementos" a dizer "oooooohhhh já sei vamos fazer uma mistela que parece mousse de chocolate MAS pôr-lhe um gostinho a merda!!"). Os suplementos têm um mecanismo muito próprio que permite emagrecer: são tão caros, que à medida que o tempo passa e a "cobaia" vai progredindo na dieta, emagrece igualmente a carteira, os trocos e a conta bancária, de maneira que mesmo que a "auto-vítima" (sim, que nisto só se mete quem quer) quiser comer não pode, porque não há dinheiro nem para uma pastilha de mentol fora da validade, quanto mais para um bife ou um suplemento.
Algo que também me faz confusão nas dietas é a maneira sedentária que têm de abordar a realidade: mas em que dimensão, ou em que realidade matrixiana, é que é possível que um indivíduo de 200 quilos, alimentado a suculentas comidas detestáveis e a saborosos suplementos com sabor a merda, consegue emagrecer sem mexer um centímetro cúbico de banha? Meus amigos, não conta o mexer do braço, o coçar da cabeça, ou o levantar do copo. A barriguinha não desaparece nem o "six-pack" abdominal brota que nem cogumelos, só porque pensamos e desejamos isso com muita força! HÁ QUE MEXER O CUZINHO PESSOAL, CORRER, FAZER ABDOMINAIS, FAZER FLEXÕES.
Para finalizar, o que eu acho também muito engraçado (a sério, às vezes dou por mim a acordar a meio da noite só para me rir mais um bocadinho) é o efeito que a dieta tem nas pessoas que têm alguma sanidade mental e não a fazem. Por exemplo, aqui em casa, 75% dos indíviduos que aqui moram decidiram fazer dieta, nomeadamente os dois indivíduos responsáveis pelo abastecer da casa ao nível da comida e bebida e outros. Eu, que felizmente não sucumbi a essa seita terrível da Herbalife e da Gerlinea (qualquer dia chego a casa e está a minha família, o meu gato e um grupo de estranhos nús com motivos celtas tatuados nos pneus da barriga, a preparar um suicídio colectivo), é que sofro no meio disto tudo; porque esta gente abastece a casa de tudo o que é dietético e esquece-se que existem pessoas normais que também têm a necessidade de comer, então não posso (nem quero!!) tocar naquelas porcarias (perdão, suplementos e brócolos e sojas e o raio que as parta), mas ao mesmo tempo abro o frigorífico e não vejo nada além de queijo magro; abro as gavetas e não vejo nada além de barras energéticas de dieta; suplico por comida e ela não aparece. Moral da história: no meio disto tudo, quem ainda emagrece sou eu.