segunda-feira, agosto 16, 2004
Manifesto
Aparentas a solidão quando só te resta a amargura da vida banal a que estás confinado. Esfaborido e a fugir inventas mundos e pessoas e mais uma vez só te resta o que tens, enquanto anseias pelo que não podes ter. Enganas os tolos, mas isso nem são papas nem bolos: são palavras, e essas não se vendem, nem se enganam, impossível enganar quem delas bebe. Mas pobres coitados, acreditam em ti e tu mentes, poeta, qual poeta? O que mente, o que é um fingidor? Tomara tu seres meia pessoa da pessoa que Pessoa era! (Já mo tinhas dito, mas não o sentes, o teu ego não deixa espaço para honestidades) Tenho pena de ti. Deixaste-te abater pela mediocridade e já não procuras cativar; limitas-te aos tolos, aos burros, aos vazios, aos que pensam dominar as palavras, aos que te lêem e aos que falam contigo, mas não sabem nada, felizes ou infelizes, importantes ou não importantes, serão merda toda a vida enquanto se julgarem donos das palavras! Tolos! As palavras não são deles! São minhas! E só te será reconhecida a genialidade quando a mostrares derradeiramente: pega na pena e deixa que ela te mate. Os outros metem-me nojo, e juntam palavras sem saber que uma palavra é uma palavra e que isso é muito mais que tudo o que alguma vez essas pobres almas burguesas viverão! Choram tristezas que não são as delas, cantam amores que nunca viverão, maltratam as palavras com a sua infantilidade premente! Deixa-as! Volta para aqui! Cativa os que merecem! E deixa a mediocridade de lado! Manda-os à merda! Manda-os de uma vez! Mas manda-os para sempre! E que o teu espólio o reflita! Não tenhas medo de dizer nomes! Trata os tolos por tu, e manda-os apanhar no cú!! A sodomia literária a que te restringes é o cúmulo. Vai agora, e que por uma vez te tornes Homem: Homem com P maiúsculo, de Palavra.