terça-feira, setembro 07, 2004

Hasta la vitoria, siempre... mas nunca mais chega

Um rapaz nas suas 13-14 primaveras está sentado na rua. Não veste mais nada além de umas bermudas e lê o jornal enquanto espera por turistas para lhes estender a mão, pedindo, timidamente, por esmola. O rapaz está envergonhado enquanto olham para ele e lhe estendem 1 dólar (5 dólares os mais generosos).

Um taxista chamado Raúl, já avô de 5 crianças, negoceia com 6 turistas (um dos quais uma alta individualidade da sociedade portuguesa e outro um basquetebolista idolatrado no seu clube e um pouco por todo o Mundo) uma visita à capital. Faz o negócio à revelia das tarifas aplicadas pois precisa de render um determinado valor (mensal) à empresa de táxis, caso contrário estaria no mesmo lugar do rapaz de 14 anos. O sr. Raúl tem dois irmãos, um é licenciado em engenharia civil (creio) e o outro é licenciado em economia. O sr. Raúl não tem curso superior, ganha mais que os dois irmãos juntos e ainda tem, por vezes, que sustentar sozinho a família. O irmão licenciado em economia trabalha agora no turismo, numa agência de viagens local e o filho mais novo do sr. Raúl estuda nos computadores, dizem que é um emprego com saída, apesar de não haver muitos e acessíveis.
O sr. Raúl fez 160 dólares nesse dia.

Uma empregada de hotel, camareira de especialidade, e Tamara de seu nome, entrava e saía dos quartos que arrumava sem ninguém dar por ela. No entanto, deixava sempre a sua marca, esculpia toalhas que nem o Cutileiro que ora tomavam a forma de cisnes enamorados ora de corações palpitantes.
No fim da estadia, pôde juntar ao seu salário (uns míseros 10 dólares mensais) uma enorme mala de roupa que o grupo de turistas lhe deu de regalo. Saiu embaraçada, de olhos no chão mas visivelmente contente e agradecida.

Es lo que es: Patria o Muerte

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