segunda-feira, setembro 13, 2004
Mata-me por dentro
Há sítios que são inevitáveis. Mesmo que fuja deles, é na escuridão de um fechar de olhos que se revelam. Aí, volto à posição fetal, deixo escorrer lágrimas - cada uma com imagens diferentes da mesma memória. Há muito tempo que não "pensava". É verdade. Afinal de contas, os pobres de espírito são felizes, n'est-ce pas? E eu nem reparava, mas andava a mendigar por aí, rôto e sujo. Se vocês imaginassem como me sinto... nem sei o porquê de um desabafo assim, acreditem que íntimo, muito meu, partilhado com a minha clientela (vocês sempre me fizeram sentir bem e aconchegado). Mas há sítios que são inevitáveis; ainda mais quando não há lugar para fugir. Não sei como é, nem sei como vai ser. Tenho medo de fechar os olhos e preciso que me ensinem a dormir. Está tão frio aqui... tenho a boca a saber a tabasco, e os olhos enevoados. Está frio, está muito frio... engoli uma mão cheia de banha de porco, vomitei por cima dos sapatos. Não quis ligar a televisão. Mas liguei, e lá estava ela, a Glory Box, em toda a sua... glória. Há sitios que são inevitáveis. Mesmo quando temos os olhos abertos.