quarta-feira, setembro 08, 2004
Vozes de burro não chegam ao céu (a menos que o céu esteja sobre Portugal)
Vou contar-vos um segredo: existe um curso superior que, embora de grande importância em países menos desenvolvidos do que o nosso (como por exemplo os Estados Unidos ou a França), é praticamente desconhecido em Portugal, mas que muito jeito nos dava agora: chama-se Ciências da Educação. É um curso que descobri por acaso, e que dou graças a Deus por frequentar/ter frequentado. Os alunos e os licenciados em Ciências da Educação (futuros educólogos ou pedagogos, isto se as burocracias o permitirem...) estudam a Educação, as suas raízes, os métodos, os mestres, as teorias, o que funcionou, o que não funcionou, o que pode vir a funcionar, como pôr a funcionar, o que se passa lá fora, o que se passa cá dentro e como raio se pode pôr o que não funciona cá dentro a funcionar. Têm capacidades extremamente abrangentes, e abilidade para programar e definir conteúdos, para formar educadores, para serem educadores, para estruturarem de raíz um sistema podre como o nosso ou, pelo menos, remendá-lo "em condições", de modo a que o buraco não aumente.
Agora pergunto eu: quantas pessoas conhecem este curso? E quantos licenciados estão a trabalhar no Ministério da Educação? Quantos são ouvidos no que respeita aos manuais escolares (seja na estrutura ou na constância dos mesmos ao longo dos anos), aos programas, à formação de professores, à adaptação à nossa realidade, aos nossos alunos?
Podia escrever aqui imensos casos, mas dou o exemplo da Finlândia: eles têm um sistema de saúde público muito bom e praticamente grátis para todos, independentemente do estrato sócio-económico de onde provêm, um sistema educativo extremamente avançado e competente, de onde saem (seja ou não no final da escolaridade obrigatória) profissionais impecáveis e com conhecimentos muito acima da média, o que se reflecte (e refracte, visto ser um processo circular) no facto de serem um país tecnologicamente desenvolvidíssimo, educado, ordenado e onde um em cada dois habitantes tem um cartão de biblioteca; só Helsínquia tem cerca de 80 museus e dezenas de bibliotecas e, garanto-vos, não são (só) para os turistas. E porquê? Porque têm a noção de que o senso comum não é, nem de perto nem de longe, o mesmo que bom senso. E lá, quem estuda a Educação/Saúde/Economia e quem a estrutura e quem a discute e quem aparece na praça pública não é um qualquer: é quem efectivamente a estudou e estuda.
Talvez um dia, quando tomemos consciência disto, deixemos a mediocridade pútrida em que vivemos.
Agora pergunto eu: quantas pessoas conhecem este curso? E quantos licenciados estão a trabalhar no Ministério da Educação? Quantos são ouvidos no que respeita aos manuais escolares (seja na estrutura ou na constância dos mesmos ao longo dos anos), aos programas, à formação de professores, à adaptação à nossa realidade, aos nossos alunos?
Podia escrever aqui imensos casos, mas dou o exemplo da Finlândia: eles têm um sistema de saúde público muito bom e praticamente grátis para todos, independentemente do estrato sócio-económico de onde provêm, um sistema educativo extremamente avançado e competente, de onde saem (seja ou não no final da escolaridade obrigatória) profissionais impecáveis e com conhecimentos muito acima da média, o que se reflecte (e refracte, visto ser um processo circular) no facto de serem um país tecnologicamente desenvolvidíssimo, educado, ordenado e onde um em cada dois habitantes tem um cartão de biblioteca; só Helsínquia tem cerca de 80 museus e dezenas de bibliotecas e, garanto-vos, não são (só) para os turistas. E porquê? Porque têm a noção de que o senso comum não é, nem de perto nem de longe, o mesmo que bom senso. E lá, quem estuda a Educação/Saúde/Economia e quem a estrutura e quem a discute e quem aparece na praça pública não é um qualquer: é quem efectivamente a estudou e estuda.
Talvez um dia, quando tomemos consciência disto, deixemos a mediocridade pútrida em que vivemos.