sábado, fevereiro 12, 2005

O meu dia de hoje.

Hoje foi um dia complicado.
Dormi quatro horas, porque tinha de me levantar cedo para ir trabalhar. Chegado ao local de trabalho, faltou uma pessoa fulcral no projecto, o que impossibilitou que se pudesse fazer alguma coisa. Como não tinha boleia para casa, estive a fazer tempo num cubículo fechado e cheio de fumo. A seguir fui ter com uma pessoa que me tratou mal, mal, mal. Conseguiu uma proeza: deixou-me a chorar antes da hora do lanche. E o almoço? O meu almoço foi com essa pessoa e, por incrível que pareça, encontrei quatro cabelos na comida e um bicho (vivo) na salada. Depois, cheio de sono, estive ao frio na faculdade até ao momento em que descobri que não tinha dois papéis indispensáveis para regularizar a matrícula, papéis esses que já expiraram de prazo há duas semanas. Tudo bem. Fui jantar. Ou ia. Porque como hoje é dia de peixe e não havia comida cá em casa, chapéu. No entanto não desanimei: afinal de contas, tinha um bilhete para o teatro, para a esgotadíssima peça "60 minutos com Brecht".
E é exactamente 20 minutos antes do começo do espectáculo que, ao telefone, a minha namorada acaba comigo, com aquela espectacular desculpa "não és tu, sou eu". Foda-se, um gajo como eu merece mais; nem que fosse uma desculpa do género "sou lésbica e vivo em união de facto com uma senegalesa da Legião Francesa" - acho que era o mínimo. Como sou um cabrão de um antiquado sentimental, chorei outra vez (duas vezes em doze horas, é obra).
Com este sucedido atrasei-me para o teatro; nem foi muito, mas foi o suficiente para ver as portas fecharem enquanto eu atravessava a passadeira. Ainda com as lágrimas nos olhos e, agora sim, bastante desanimado, cheguei à porta do famigerado Teatro Académico Gil Vicente.
Nisto os porteiros dirigem-me a palavra: "Elísio?". E eu, com a esperança renascida qual Fénix, levanto a cabeça a pensar que afinal até ia entrar.

"Era só para avisar que não pode entrar. As portas tão fechadas.".


(Fixe. Sorri e dei uma gargalhada insana.)

"Ah, mas ao menos peça na bilheteira, pode ser que lhe troquem o bilhete para outro dia".

(Fixe!)

"Não", disseram-me na bilheteira.

(Fixe.)

Desesperadinho, esbarrei contra uma cabine telefónica, o que nem foi mau de todo, pois aproveitei e telefonei ao Nuno. Que tinha o telemóvel desligado. E ao Moelas, que tinha o telemóvel ligado. Mas que não atendeu. E para casa do Nuno. E para casa do Moelas, que nunca mais atendia mas que lá sucumbiu ao "trim trim" do Siemens. Fiquei vinte minutos à espera dele, mas até foi bom porque o frio de rachar que está na rua gelou as lágrimas e acalmei. Fomos então para o café, desanuviar um bocado. Aí entornei cerveja sobre sobre ele, perdi a jogar às cartas, e ainda consegui a proeza de voltar a entornar cerveja, só que desta vez sobre mim. Entretanto cheguei a casa, onde estou virado para um computador, a escrever um post, enquanto como Fritos e cheiro a cerveja que tresando.

E além disso, houve um gajo que se virou para mim no café e perguntou "Tú é que és o jamiroo?".



(Foda-se. Há dias assim)

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