sexta-feira, abril 15, 2005
(aviso-vos desde já que este post não vai ter parágrafos, vai ser todo seguido e vai ficar visualmente inestético e eu quero que se foda)
Quando começarem a ler este post, por favor façam-no sozinhos. Não estejam num cybercafé, na sala de informática de uma faculdade, no intervalo do emprego, nem tão pouco seja a primeira leitura do dia (aquela que fazemos mal chegamos a casa, cansados, à procura da redenção). Não estejam de ressaca e não estejam a (sor)rir. Se por acaso chegaram à "A Tasca" à procura de alguma coisa, de se rirem ou de chorarem, de passar um bocado ou de pensarem sobre alguma coisa, se por acaso acordaram hoje com vontade de comentar textos, por favor saiam, por favor. Escrevo-vos lavado em lágrimas, e quero que respeitem isso. Que entendam que o que aqui escrevo é tão pessoal que nem coragem tenho de o falar comigo (é por isso que nunca penso os posts, eles simplesmente vão aparecendo ao ritmo do teclar dos dedos nas teclas), quanto mais de o falar com alguém. Sabem?... tenho tido uma vida complicada. Muito trabalho, muitas responsabilidades, e quanto mais me embrenho em certos meantros, mais idealista fico e mais vontade tenho de mudar o mundo; e o que custa não é ver que o mundo não muda - é ver que pelo menos parte do meu pequeno mundo muda com a minha acção e dos que estão comigo, mas que ainda somos muito poucos para mudarmos o mundo de todo. Estivessem todos menos desiludidos, estivessem todos mais empenhados, estivessemos todos mais unidos... e talvez as coisas corressem melhor. Mas isto agora foi um aparte. De facto não é por causa disto que choro agora - só que a minha vida tem sido mesmo complicada, e ninguém percebe isso. Nunca estou em casa, não acompanho os meus pais, os meus irmãos, os meus amigos, a faculdade está cada vez mais para segundo plano, a namorada às vezes é outras vezes não é, e o pior é que eu ponho cada bocadinho de mim em tudo o que faço, dou o máximo dou o máximo, e tão poucas vezes vejo o resultado que gostava ou a retribuição do que mereço e dou. E isso cansa e maça, e deita abaixo - só que quando isso acontece e nunca caímos totalmente (pura e simplesmente porque não deixamos), também nunca temos oportunidade de nos levantarmos de vez. E ninguém percebe isso. Aliás, quase ninguém, porque os que estão na mesma situação sentem praticamente o mesmo (é o chamado corporativismo), mas nem por isso são grande ajuda porque estão tão sozinhos como cada qual, e à procura das mesmas respostas e a fazer as mesmas perguntas. Mas também não é por isto que estou a chorar agora.