sábado, abril 09, 2005
A televisão do nosso (des)contentamento
Uma madrugada destas acordei do nada, e ainda bem, porque a dormir não teria conseguido ligar a televisão nem ver o "Palavras Vivas", com o Mestre Mário Viegas, na RTP Memória. Aquilo deixou-me a pensar, e cheio de saudades de uma televisão que nunca foi a minha, infelizmente. Parece-me inconcebível (eu pelo menos não o consigo imaginar, sequer) existir hoje um programa em horário nobre, com um cenário minimalista (um banco alto, um "estradozito" onde se colocam as pautas musicais, e umas quantas televisões por trás), e onde um homem que não é modelo nem apareceu nos "Morangos com Açúcar" pode apresentar um programa sem mulheres nuas, sem pontapear a língua portuguesa, e a falar sobre teatro e literatura, declamando poemas no entretanto, num jeito de ser connosco que é impossível encontrar em qualquer orador dos nossos dias, em qualquer programa das nossas estações. Que heresia, hein?