domingo, setembro 24, 2006
I
eu sou do tempo em que os blogs eram assim. berrantes, com letras grandes, em que punhamos as imagens "à mão" e o lado direito do écran (sempre o lado direito) enchia-se de contadores de tráfego, música e sondagens. carago, nesse tempo não havia nada que não fosse lá parar, estávamos sempre a descobrir uma coisinha nova (normalmente irritante) mas que era a menina dos nossos olhos (pelo menos durante umas semanas). na altura, já éramos muitos, mas também éramos muito poucos. as coisas eram diferentes. escrevíamos e vínhamos às dúzias ver quem é que tinha comentado, de dia, de tarde, de noite, no intervalo das aulas, durante o trabalho, depois do benfica. antes de ir tomar café e depois das borratcheiras. e éramos tão felizes com os comentários, com os posts novos, com as coisinhas novas e irritantes que encontrávamos para enfeitar o nosso blog.
entretanto os tempos mudaram. os anos passaram, a blogosfera aumentou e modificou-se. de repente, este já não era o sítio especial onde encontrávamos o aconchego da alma - sentíamos mais o aperto no coração. as letras agora são pequeninas e as cores sóbrias. fica mal ter o blog parecido com um pinheiro de natal. e já não havia uma lua a quem dedicar as palavras, um buraco a inspirar o Moelas ou um.. uma.. hmm.. o que quer que fosse que punha aqui o Nuno a escrever.
lembro-me ainda que chegar ao fim do dia era chegar ao blog e interagir com os poucos e bons. era fechar os olhos frente ao écran e abri-los numa sala acolhedora, com lareira e whiskey, sofás, mesas, livros, música e o Luís, a margarete, o do Jazz, o jpn, o jpt, e todos os outros que nos enriqueciam diariamente.
mas o problema.. principal, é que no fundo a blogosfera tinha mudado e nós tínhamos também mudado. não digo que com ela, acho que nesse sentido foi mais um crescimento solitário. pior que solitário, aquele afastamento de dois grandes amigos que se vão afastando, porque caminham paralelamente e não lado a lado. e no fundo a tasca já não era a tasca, e nós já não éramos o jamiroo, o moelas e o nuno.